Os ingressos chegaram no começo do mês de dezembro de 2010 em uma caixa preta com a mensagem em prateado "Feliz Natal, Feliz Rock in Rio". O planejamento de marcar presença em um mega evento musical como esse começou a cerca de um ano antes. Na primeira oportunidade os ingressos foram adquiridos ainda no "escuro", sem ter nenhuma idéia de quais bandas iriam se apresentar. Porém a vontade de fazer parte de um momento como esse e de escrever essa linha da história DA/NA minha vida falava mais alto. Realizei a comunicação ao meu chefe com um ano de antecedência. De lá pra cá troquei de chefe 4 vezes e fui promovido, logo a empresa toda sabia que eu não iria trabalhar no dia 24 e 25 de setembro de 2011.
Apesar de me virar bem sozinho e de até ir para as baladas sozinho, não dava para ir sozinho para o Rock in Rio, claro que de companhia não podia faltar meu primo / irmão / filho / amigo Sr. Fernando César, que agora nos seus 16 anos de vida, me acompanha para os shows de rock desde os 13, já tendo no currículo Nightwish, Guns n' Roses, Aerosmith e agora Rock in Rio.
Ingressos e passagens compradas, hotel reservado, cartão de transporte de ônibus dentro do Rio de Janeiro também comprado. Jornada de trabalho das 22h às 06h encerrada. Passada rápida em casa, acordando o Nando, pegando mochila e correndo para o aeroporto.
Despacha mala, toma café, dá uma volta, fila imensa para entrar na sala de embarque, fila, espera, fila...... detector de metais... o que eu tenho que essa p*##@ não para de apitar??? Maldito relógio! Vontade de dar ele de presente para a funcionária da infraero para não ter que ficar travando de novo. Corre porque é a última chamada e tá encerrando o embarque. Ufa, aperte o cinto, vamos decolar!
Rio de Janeiro, em frente a esteira de bagagem... Ai caramba, cadê minha mochila? Passa bagagem, passa mala, olha lá... esquece alarme falso. Fico muito tenso nessa parte morrendo de medo da minha bagagem não aparecer. Uhul, olha ela lá!
Colega carioca esperando no aeroporto, vamos para o hotel, banho, bater perna no centro do Rio, Lapa, almoço, pega ônibus e volta para o Aeroporto para pegar a linha especial para a Cidade do Rock. Cochilo de 20 minutos, Nando me chacoalha "Júnior chegou!" Ainda não tínhamos chegado, mas era impossível dormir vendo toda aquela galera indo para o mesmo destino que já estava próximo.
Olhada no relógio, 15h. Estamos entrando na Cidade do Rock!!!!!
Arrepio, calafrio percorrendo a coluna vertebral, sorriso no rosto que não se pode controlar, olhar de cansaço... chopp, senta na grama, fila imensa para a brincar na montanha russa, tô fora! Fila de 5 a 6 horas para brincar na tirolesa.. aham, tô fora!
Sentadinho perante o Palco Mundo ficava olhando aquela imensa estrutura pensando em como deve ser acompanhar a montagem daquilo tudo, como deve ser os bastidores, que ali, atrás daquelas paredes laterais prateadas na verdade tem toda uma parafernalha para fazer tudo dar certo, baterias e cenários montados sobre bases móveis com rodinhas para fazer toda a montagem do palco entre uma atração e outra. Jogo de luzes, uma passarela lá em cima que com certeza só quem estava lá na frente pode perceber que ela existia.
Telões laterais transmitiam o que rolava no Palco Sunset. 18h, a noite já começa a cair. 18:30h, as luzes do Palco Mundo se acendem, todos levantam e como em pé o espaço ocupado por um corpo é menor que sentado, demos vários passos para frente.
Calma galera, foi só um teste de iluminação, mas agora ninguém mais senta porque não tem como encaixar todo mundo sentado de novo.
NxZero inaugura o Palco Mundo do segundo dia do Rock in Rio por volta das 19h10min, toca durante 40 minutos, alguns bradam palavras ofensivas, mas os caras não estavam nem aí para isso. Ainda acredito que se eles estão ali tem um motivo. Podia ser pior, pois vamos e convenhamos que existem sons piores que o deles que se intitulam "rock" em nosso país.
Que uma coisa fique clara, Rock In Rio é uma marca e assim como tal tem que gerar lucro, ou você acha que a Adidas a Chanel e a Coca-Cola vivem de bons fluidos emanados pelo Dali Lama? Quanto a vaia a Cláudia Leitte ocorrida no dia anterior, até parece que quem estava lá em um dia onde rolou Rihana e Katy Perry é muito do Rock néh? Voltarei para o foco....
Como segunda atração da noite, foi a vez do Stone Sour subir ao palco. Nunca tinha ouvido os caras, mas são bons. Som bacana. Rock bom, daquele que te faz pular, bater a cabeça, levantar o braço fazendo \m/ com a mão sem quebrar a costela ou dente em um Mosh.
Terceiro passo, Capital Inicial.... Caramba.... não há nada que se encaixe aqui se não for a descrição do Dinho Ouro Preto: "Du Caralho!" Capital Inicial existe há 30 anos, eu tenho 28, logo todo momento da minha vida, seja viagem de carro, em casa ouvindo música, nos shows de rock, nos churrascos de colégio e da faculdade, sempre rolava alguma música do Capital Inicial. Acho que aí me dei conta de onde eu estava. Eu estava no Rock in Rio, aquele evento que teve a sua segunda edição em 1991 e com 7 anos de idade eu ficava vendo pela TV, deitado na cama dos meus pais, quando morávamos na Rua Elir José dos Santos, 57 e assistindo Axl Rose liderando a banda mais "Top Rock" do momento. Agora eu estava ali, no Rock in Rio, depois de ter planejado tudo por um ano, com a grana que ganhei com o meu trabalho, na companhia do meu primo, mais do que primo... inevitável não chorar.
Snow Patrol, a atração menos conhecida da noite por todos, mas que rola muito no meu som, no meu quarto escuro e me faz pensar muito. Snow Patrol é, para mim, algo orgásmico e suicida ao mesmo tempo. Faça amor com aquela pessoa perfeita, ao som de Snow Patrol e depois corte os pulsos com ela (ok, momento EMO. Parei!) Apesar de não saber nome das músicas, não saber nome dos caras da banda, isso não significa que eu não conhecia as músicas. Conhecia praticamente todas e ainda arranhei muitas partes das letras. Tinha gente ao meu redor olhando pra mim e não entendo nada. Desidratei devido as lágrimas que rolaram quando o pensamento ia longe buscar um certo alguém. Muito Obrigado Sr. Tiago Diogo por dividir esse momento comigo, mesmo que por SMS até às 06:10 do dia 25/09.
Red Hot Chili Peppers, o carro chefe da noite fez todo mundo ir ao delírio. Red Hot marca a época em que eu dava meus roles de carro, sem carteira e ainda sem idade para poder fazer isso. Escondido dos meus pais, claro! A apresentação mais longa da noite e que ainda assim me fez pular, pular muito! Under the bridge, Californication dentre outras... o cansaço já era imenso, já estava brincando de "até onde meu corpo aguenta" há muito tempo. No intervalo entre Snow Patrol e Red Hot acho que dei uma cochilada de uns 5 minutos no ombro do meu primo.
Antes da galera do Red Hot voltar para o Bis resolvemos levantar acampamento. Já tínhamos visto todos os shows, estávamos cansados, com a garganta seca, precisando "tirar a água do joelho", já tinha afanado uma capa de chuva de um carinha que revoltou e não conseguiu abrir a capa dele, trocamos vários papos com o Vinicius de Porto Velho - RO que levou até bandeira do estado dele. Agora procuramos ele pelas redes sociais para manter contato, mas cadê o cara???
Resolvemos andar até o final de multidão e contornar por fora da galera para irmos ao banheiro e comprar algo para beber. A gente andava, andava e andava porém o povo não acabava. Red Hot voltou a tocar, agora com camisa em homenagem ao Rafael, filho da Cissa Guimarães. Resolvemos chegar ao banheiro passando pelo meio da galera mesmo, porque aquele monte de gente não tinha fim.
Para mim o Rock in Rio em números foi algo do tipo: 40 horas sem dormir, 24h com os pés dentro do coturno, 12h sem comer, 14h sem fazer xixi, 10h sem beber. Arrependimento? Nenhum! Faço tudo de novo fácil fácil.
Chegamos no hotel às 6:10h, dormimos até as 15h, depois meu caro Victor Ângelo, mais uma vez nos salvou, levando para passear por Ipanema e Copacabana. Thank you so much Vih, sem você não teria muita graça. Valeu pela ajuda e por tudo mais!
Se você ainda tiver paciência, tem um vídeo de 20 minutos com um pouco de cada show relatado aqui. No mais, aceito comentários.
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